Crise. E agora?
31 de janeiro de 2020
Com os desequilíbrios das contas públicas, iniciamos 2015 com projeções bastante negativas para a economia brasileira, o que leva muitos empresários de todos os setores a terem receio de como será o decorrer deste período e o que de fato vem se mostrando com o passar dos meses.
Diversos setores já vêm sentindo o impacto da desaceleração da economia. Uns, ainda neste primeiro semestre se mostram muito impactados, enquanto outros sentem com maior timidez essa onda comparado com as expectativas anunciadas.
Em entrevista com a Diretora Executiva da ABRE (Associação Brasileira de Embalagens), Luciana Pellegrino, ela menciona o setor de embalagens como um termômetro dos setores de bens de consumo não duráveis e ainda menciona resultados de retração já em 2014: “O setor de embalagem é considerado um termômetro dos setores de bens de consumo não duráveis, uma vez que 70% de sua produção é destinada a acondicionar alimentos, bebidas, cosméticos, produtos de limpeza e farmacêuticos. O consumo destes produtos faz parte do abastecimento cotidiano da população e não à possibilidade de captação de crédito, como acontece com os bens duráveis. Com isso as oscilações no volume de produção em tempos de aquecimento ou retração são mais amenas, mas são altamente significativas por retratar o nível de consumo destes produtos. Em 2014 registramos uma retração no volume de produção de -1,47%, que foi melhor se comparado à indústria em geral que teve queda de -3,23%. Em valor, a indústria tem crescido ano a ano, conforme mostra o gráfico abaixo.
Luciana Pellegrino menciona ainda, que os resultados registrados foram piores do que as expectativas iniciais em 2014 “Pelo fato da grande expectativa de aquecimento em torno dos principais eventos do ano – Copa do Mundo e Eleições – que não se concretizou”, conclui.
A pergunta, frente ao cenário atual é: O que fazer?
Investir? Recuar? Inovar? Quais são os pontos de atenção? Devo me preocupar?
Na visão de Luciana, 2015 deve ser considerado um ano de atenção.
“Como outros segmentos da economia, vivemos um momento de desaceleração decorrente da retração do consumo. O custo de vida aumentou frente aos ajustes macroeconômicos e além da queda de poder de consumo temos a diminuição da confiança por parte dos consumidores. Por outro lado, as empresas já entraram no ano conhecendo este cenário, o que levou a ajustes prévios para que pudessem contornar esta situação.”
Observa-se que toda crise tem uma característica bastante especial, que deixamos de olhar por dedicar muito da nossa atenção aos possíveis tsunamis que enfrentaremos e o quão difícil se tornará conquistar um cliente ou sobreviver no mercado.
Uma reação natural de preparação para possíveis momentos de dificuldades que virão. Porém, é notável que muitos sucessos em momentos de crises vêm da capacidade de reconhecer os riscos atentamente, ter foco nas mudanças internas e nas que ocorrerão com o mercado. Luciana Pellegrino já percebe mudanças dos empresários frente ao mercado: “Em conversas com empresários, percebe-se que uma nova postura com foco em gestão eficiente, foco em competitividade e maior valor agregado tem permitido às empresas, neste início de ano, manter positivo o seu resultado”.
É certo que resistir a qualquer turbulência econômica, não é uma tarefa fácil, pois naturalmente nos tira da zona de conforto do que estamos acostumados a fazer.
Observar as tendências do mercado, os riscos, as possibilidades e adaptações as mudanças se torna então, um comportamento fundamental para as empresas, onde todos os envolvidos em uma operação, devem também estarem preparados e incentivados a adaptação frente as mudanças, para gerarem resultados compatíveis com todo o potencial e não estar apenas restrito e limitado ao modelo antigo de funcionamento, que já não produzem resultados tão significativos.
Luciana Pellegrino menciona a inovação como uma questão de sobrevivência para as empresas “Estamos em um momento onde a inovação é mais que necessária, é uma questão de sobrevivência. As empresas têm buscado alternativas fora da caixa para superar o ano atípico, isso inclui inovar em seus processos para serem mais eficientes, ajustarem sua forma de gestão e trabalhar pela inovação com foco em valor agregado buscando assertividade nas soluções desenvolvidas. ”
Uma empresa criativa e flexível, que busca novas possibilidades para atender as necessidades do seu mercado, que busca internamente a otimização dos recursos que já possui e investe no seu capital intelectual, conscientizando, contando com novas ideias, motivando e treinando, estará à frente das que manterem-se resistentes às mudanças.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”
Charles Darwin
Kátia Cerri
Gestora Comercial e Marketing – Adesão Etiquetas e Rótulos Adesivos
Entrevista Completa
Leia na íntegra a entrevista com a Diretora Executiva da ABRE (associação Brasileira de Embalagens), Luciana Pellegrino.
Mencione um breve histórico dos últimos 3 anos para o mercado de embalagens, considerando números gerais e crescimento do mercado nacional.
O setor de embalagem é considerado um termómetro dos setores de bens de consumo não duráveis uma vez que 70% de sua produção é destinada a acondicionar alimentos, bebidas, cosméticos, produtos de limpeza e farmacêuticos. O consumo destes produtos faz parte do abastecimento cotidiano da população, e não à possibilidade de captação de crédito, como acontece com os bens duráveis. Com isso as oscilações no volume de produção em tempos de aquecimento ou retração são mais amenas, mas são altamente significativas por retratar o nível de consumo destes produtos. Em 2014 registramos uma retração no volume de produção de -1,47%, que foi melhor se comparado à indústria em geral que teve queda de -3,23%. Em valor, a indústria tem crescido ano a ano, conforme mostra o gráfico abaixo.
Quais eram as expectativas, se foram superadas ou não, mercados de destaque e demais observações.
O resultado registrado foi pior do que as expectativas iniciais, principalmente pelo fato da grande expectativa de aquecimento em torno dos principais eventos do ano – Copa do Mundo e Eleições – que não se concretizou.
Como você descreveria o primeiro semestre para o mercado?
No geral, 2015 deve ser considerado como um ano de atenção. Como outros segmentos da economia, vivemos um momento de desaceleração decorrente da retração do consumo. O custo de vida aumentou frente aos ajustes macroeconômicos e além da queda de poder de consumo temos a diminuição da confiança por parte dos consumidores. Por outro lado, as empresas já entraram no ano conhecendo este cenário, o que levou a ajustes prévios para que pudessem contornar esta situação. Em conversas com empresários, percebe-se que uma nova postura com foco em gestão eficiente, foco em competitividade e maior valor agregado tem permitido às empresas, neste início de ano, manter positivo o seu resultado.
Quais são as expectativas da Associação para o segundo semestre? Qual segmento irá se manter ou se destacar e qual apresenta tendência a queda?
Em 2015, o valor da produção deverá ser de R$ 58,2 bilhões. A previsão é de que o consumo das famílias ainda se mantenha tímido; por conta da política econômica mais restritiva e do ajuste fiscal. Uma possível retomada da indústria de embalagem deve acontecer, provavelmente, no início de 2016. Dadas as incertezas associadas ao contexto macroeconômico, considera-se como hipótese alternativa uma redução de 0,5% produção física.
Quais recursos as empresas do segmento estão adotando para superar a crise econômica?
Estamos em um momento onde a inovação é mais que necessária, é uma questão de sobrevivência. As empresas têm buscado alternativas fora da caixa para superar o ano atípico, isso inclui inovar em seus processos para serem mais eficientes, ajustarem sua forma de gestão e trabalhar pela inovação com foco em valor agregado buscando assertividade nas soluções desenvolvidas.
Demais comentários relevantes:
A embalagem tornou-se ferramenta crucial para atender à sociedade em suas necessidades de alimentação, saúde e conveniência, disponibilizando produtos com segurança e informação para o bem-estar das pessoas. Além disso, é parte estratégica na comunicação das empresas, proporcionando acessibilidade a produtos frágeis, perecíveis, de alto ou baixo valor agregado. A embalagem possibilita ainda o desenvolvimento de novos produtos e de formas de preparo com o uso dos eletrodomésticos.
Frente ao crescimento populacional do planeta, a embalagem também é essencial para otimizar o aproveitamento dos alimentos e insumos demandados pela sociedade e para reduzir o desperdício global, refletindo a cultura e o estágio de desenvolvimento econômico e social de uma nação.
Sobre a ABRE
A ABRE – Associação Brasileira de Embalagem foi fundada em 1967 e tem como principal objetivo fomentar e valorizar a embalagem brasileira de maneira competitiva e sustentável para as empresas associadas e para a sociedade. Os pilares da Associação são a valorização da embalagem, a competitividade do setor e a sustentabilidade e sua atuação abrange a construção de referências, disseminação de conteúdo, articulação com o governo, promoção, networking e orientação consultiva.
A Entidade é representante de todo o setor – fabricantes de máquinas e equipamentos, fornecedores de matérias-primas e insumos, agências de design, fabricantes de embalagem, indústrias de bens de consumo, redes de varejo, instituições de ensino e entidades setoriais, além de atuar em uma ampla gama de atividades por meio de seus Comitês de Trabalho: Design & Inovação, Meio Ambiente & Sustentabilidade, Alimentos, Cosméticos e Educação.
Mais informações www.abre.org.br.